"Ángelus Arquitectónico de Millet" (1933)


 A análise psicanalítica da obra "Ángelus Arquitectónico de Millet" (1933) de Salvador Dalí revela a presença de elementos simbólicos e imagéticos que refletem a complexidade da mente do artista e suas fascinações pessoais.

Primeiramente, é importante destacar que a arte de Dalí era frequentemente influenciada pelos preceitos freudianos da psicanálise, o que se reflete na forma como ele explorava o inconsciente e seus desejos reprimidos. Nesse sentido, a obra em questão retrata uma reinterpretarão da famosa pintura "Angelus" de Jean-François Millet, com a adição de símbolos e elementos oníricos.

O título da obra já sugere uma dimensão arquitetônica, o que pode ser interpretado como uma referência à estrutura interna da mente humana. O "Ángelus Arquitectónico" representa uma fusão de elementos angelicais, arquitetônicos e humanos, o que nos leva a uma reflexão sobre a interação entre o divino, o material e o psicológico.

Uma das características marcantes da obra é a presença de elementos surreais e disruptivos, como formas ameaçadoras e fundidas com a paisagem, sugerindo uma possível expressão dos sentimentos de medo e ansiedade presentes no subconsciente de Dalí. Esses elementos também podem ser interpretados como uma manifestação dos desejos reprimidos do artista, que encontram uma saída no mundo da arte.

A figura humana, reprsentada pelo casal de camponeses em Millet, também é reinterpretada por Dalí. Os corpos são distorcidos e quase desintegrados, o que pode ser interpretado como uma representação da fragmentação da identidade pessoal e do conflito interno do artista. Essa fragmentação reflete a sua própria experiência de lidar com sua identidade catalã e sua identificação com o movimento surrealista.

Outro elemento ue merece destaque é a presença do relógio derretido, uma imagem icônica associada a Dalí. O relógio simboliza a passagem do tempo, mas o estado derretido sugere a dissolução das noções lineares e rígidas do tempo e da realidade. Essa imagem pode ser interpretada como uma representação do desejo de Dalí de transcender as limitações da existência humana e buscar um reino de liberdade criativa onde o tempo não é uma restrição.

Em suma, a análise psicanalítica da obra "Ángelus Arquitectónico de Millet" revela as obsessões e os anseios pessoais de Salvador Dalí. Ao combinar elementos simbólicos e imagéticos, Dalí oferece uma visão singular do inconsciente humano e de sua própria psicologia, desafiando as convenções e explorando os limites da mente humana.

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