Introdução - Palestra


Discussão do texto de Freud, "The Uncanny", de 1919, e  suas várias versões sob diferentes títulos, como "The Uncanny", "The Unhomely" e "The Strange".
Enfatiza o significado do texto e incentiva os participantes a lê-lo para uma compreensão mais profunda das experiências humanas.
Discute o conceito de "estranho" e sua relevância no cotidiano, convidando a participação do público e comentários sobre o tema.

Conexão com "La Casa de Papel"

Considerar a conexão entre o texto de Freud e a popular série "La Casa de Papel", e compartilhar seus pensamentos sobre o conceito de estranho no contexto do espetáculo.


Entendendo o Conceito do Inquietante

O inquietante está ligado ao que é angustiante, ao que se desvia do trivial e ao que causa desconforto e medo. Pode variar de pessoa para pessoa e pode ter aspectos positivos e negativos.
O inquietante pode causar horror, medo e desconforto, e é importante reconhecer que o que é perturbador para uma pessoa pode não ser perturbador para outra.
No âmbito da psicanálise, muitas vezes ela se manifesta como algo que perturba, inquieta e leva à introspecção.
A perspectiva freudiana sobre o inquietante
Freud discute o conceito de inquietante, referindo-se a ele como "das Unheimliche", que pode ser traduzido como "estranho" ou "desaconchegante".
Nem tudo que é novo e desconhecido é inerentemente inquietante; depende do significado que lhe é atribuído.
 como mencionado por Freud, enfatiza que o inquietante também está associado à incerteza e à falta de clareza.

Interpretações e Representações Individuais

O inquietante pode variar muito em suas representações em diferentes línguas e culturas, variando de uma simples sensação desagradável ao terror extremo.
É fundamental entender que o inquietante difere de pessoa para pessoa, e o que pode ser perturbador para um indivíduo pode não ser para outro.

O inquietante no cenário analítico

No contexto da psicanálise, o inquietante pode se manifestar como algo que perturba tanto o analista quanto o analista, levando a um deslocamento do familiar.
Cada indivíduo pode ter uma maneira única de lidar com o que é desconhecido, estranho ou perturbador, e isso pode impactar significativamente sua experiência dentro do ambiente analítico.

Reações pessoais ao inquietante

Diferentes indivíduos podem ter reações variadas a situações que são perturbadoras, com alguns achando relativamente gerenciável, enquanto outros podem experimentar desconforto significativo ou até mesmo terror.
Por exemplo, enquanto alguns podem achar que atender clientes no ambiente analítico é simples, outros podem experimentar significativa apreensão e desconforto.

Nota Final

É importante reconhecer e compreender o que é inquietante para si mesmo, bem como compreender as diversas maneiras pelas quais os indivíduos respondem ao que é desconhecido e inquietante.

Percepção de Familiar e Desconhecido 

A classificação que fazemos é uma forma de lidar com a realidade em partes, onde algumas partes são familiares e outras são desconhecidas ou ocultas.

"O desconhecido ou inquietante pode ser familiar. O que isso significa?"

Exemplos como desenvolver medo de baratas e ter medo de fantasmas ilustram como o familiar pode se tornar desconhecido e perturbador.
Medo do visível e do invisível
As pessoas muitas vezes têm mais medo do que podem ver do que do que não podem ver.
Isso é exemplificado pelo medo do escuro, onde os indivíduos têm mais medo do que imaginam existir no escuro do que da própria escuridão.
Muitas vezes, é mais fácil para os indivíduos esconderem situações que os incomodam do que confrontá-las, pois reconhecer aspectos familiares de si mesmo pode ser extremamente angustiante.

O Conto do Homem de Areia de Freud

Discute-se a história de Natanael, que é assombrado pelo medo do Homem-Areia.

Destaca-se a descrição das ações do Sandman, particularmente em relação às crianças que não querem ir para a cama.
A associação de uma figura da vida real, Coppelius, com o Homem-Areia borra a linha entre realidade e imaginação para Natanael.
Reflexão sobre o medo e a percepção
A discussão provoca a reflexão sobre se todas as pessoas que se encontra estão realmente vivas, provocando mal-estar e introspecção entre o público.
Enfatiza-se o impacto persistente do medo na vida de Natanael, particularmente em relação à figura do Homem de Areia.
A influência da história nas percepções e experiências de Natanael é ressaltada.

Resumo do enredo

Nathaniel compra um binóculo de bolso da Copola e, ao usá-lo, se apaixona por Olympia, uma boneca automatizada criada por Spalanzani.
Natanael também tem um episódio delirante envolvendo os olhos de Olímpia e a morte do pai.
Nathaniel tenta prejudicar sua noiva, Clara, enquanto está sob a influência de seus delírios, levando a uma cena dramática em uma torre.
Coppelius reaparece, exacerbando os delírios de Natanael, eventualmente resultando em ele pulando da torre.

Análise Psicológica

O texto de Freud explora temas do desconhecido e do familiar na psique humana.
Isso inclui medos infantis, como o medo de perder os olhos e o complexo de castração.
O conceito de "Sandman" está ligado ao medo de perder objetos de afeto e à representação da figura paterna.
Há uma exploração de desejos e ansiedades infantis, incluindo o apego a objetos inanimados e o medo de perder a capacidade de ver.
A discussão freudiana sobre a duplicação e a transferência de emoções para objetos também é relevante para a história.
Isso inclui a ideia de projetar representações libidinais sobre os outros e a construção de uma representação imortalizada de uma pessoa.

Autocrítica e narcisismo

O texto de Freud aprofunda o conceito de autocrítica e sua relação com o narcisismo.
Ele discute o desenvolvimento de uma instância especial dentro do ego que permite a auto-observação e a autocrítica.
O texto também toca nos aspectos patológicos da autocrítica, particularmente nos casos de delírio.
Freud explora as implicações da capacidade humana de auto-observação e seu impacto sobre o conceito de "duplo" e superego.

Percepção do Eu e Autocrítica 
Freud enfatiza a forte relação entre o ego e a autopercepção
A autocrítica é direcionada ao eu, criando uma sensação de destruição quando não se conforma com os padrões impostos
Em casos patológicos, isso pode levar a uma dissociação e exteriorização de comportamentos
Reconhecendo a estranheza nos outros
As pessoas reconhecem os outros com base em sua interpretação do ego
Comportamentos que se desviam do ego reconhecido podem causar uma sensação de estranheza e desconforto

Crianças e Imagens Estranhas

Crianças vendo imagens estranhas com frequência podem levar a medo e desconforto
As interpretações da causa dessas imagens podem variar, desde explicações religiosas até psicológicas
Os padrões desconhecidos e repetidos
O "estranho" pode decorrer de um conceito anteriormente positivo se tornar negativo
Ocorrências repetidas de um evento podem levar a uma sensação de estranheza ou desconforto

Superstição e Atribuição de Infortúnio

Freud discute superstições como o "mau-olhado" e a atribuição do infortúnio à má vontade alheia
Essa atribuição de infortúnio a forças externas pode ser uma forma de racionalizar os próprios fracassos

Definição do estranho

O conceito freudiano de estranho pertence ao que é estranho à nossa mente consciente e às vezes é projetado em outras pessoas ou situações.
"É algo que deveria ficar escondido, mas apareceu",
O estranho está ligado ao poder que atribuímos a determinados objetos ou situações, assim como o conteúdo reprimido na mente que surge em circunstâncias específicas.
Medo da morte e desejo de uma realidade alternativa
A ideia de mortalidade é muitas vezes perturbadora para as pessoas, embora seja uma realidade inevitável.
O conceito de paraíso após a morte também pode ser inquietante, pois requer enfrentar a mortalidade.
As pessoas muitas vezes desejam escapar de seus problemas e buscar uma vida diferente, mas podem não estar dispostas a fazer mudanças sozinhas.
Há uma preocupação sobre se as pessoas seriam capazes de lidar com uma realidade alterada.

Simbolismo e Interpretação

O estranho situa-se na fronteira entre o real e o imaginário, dependendo da representação simbólica atribuída ao conteúdo interpretado.
Compreender a natureza simbólica de nossas expressões é crucial devido ao significado dos conteúdos reprimidos, como destaca Freud.
Freud ilustra o conceito de estranho discutindo o medo da genitália feminina e sua conexão com o desejo de retornar ao útero materno.
O estranho é muitas vezes associado à transformação do familiar em algo perturbador.

O papel da simbolização no medo

A simbolização desempenha um papel significativo na percepção do medo, pois objetos conhecidos e simbolizados são menos propensos a evocar medo.
O medo dos mortos pode representar o medo da própria mortalidade e um afastamento da realidade atual.

Conclusão sobre o estranho

Freud conclui que o estranho surge quando complexos infantis reprimidos são reativados ou quando crenças primitivas parecem ser confirmadas mais uma vez.
A distinção entre os dois tipos de experiências estranhas pode ser borrada, pois as crenças primitivas estão intimamente ligadas aos complexos da infância.

Importância de Compreender o Inquietante 

O inquietante precisa ser compreendido - por que nos incomoda, por que é importante ser considerado.
Na série "La Casa de Papel", torcemos pelos ladrões, embora na vida real os temamos.
Tendemos a torcer pelos protagonistas, como nos ensinaram a fazer desde a infância.

Percepção da Realidade e Ficção

Nossa percepção da realidade é influenciada por nossas experiências de vida, resultando em diferentes reações ao que é inquietante.
Diferentes indivíduos têm percepções diferentes, como a visão de que os bancos são semelhantes ao câncer.
Não torcemos por um ladrão que acabou de nos roubar na vida real, destacando a dualidade de nossas reações.

Identificando-se com os Ladrões

A série leva os espectadores a se identificarem com os ladrões, possivelmente por se sentirem "roubados" por bancos na vida real.Isso levanta a questão de por que torcemos pelo que nos incomoda na realidade, enfatizando a distinção entre ficção e realidade.

Lidando com o desconhecido

O texto de Freud fornece uma análise profunda sobre como lidar com o desconhecido e o inquietante.
O convite é feito para ler e refletir sobre o texto de Freud e compreender a própria relação com o desconhecido.

Conclusão e Convite

Incentiva-se a discussão sobre temas inquietantes, com o convite ao aprofundamento do texto freudiano para maiores insights.
Cada indivíduo é instado a entender sua própria relação com o desconhecido.

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